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«A cobardia é a mãe da crueldade.»
Michel de Montaigne
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«A cobardia é a mãe da crueldade.»
Michel de Montaigne
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A dívida pública portuguesa não dá sinais de abrandamento. Segundo dados da execução orçamental de Abril, entre o quarto trimestre de 2012 e o primeiro deste ano, a dívida do Estado aumentou 5 mil milhões de euros.
Entre Março de 2013 e o mês homólogo de 2012, a dívida subiu de 180 para 200 mil milhões de euros, ou seja, 5 mil milhões a cada trimestre, em termos médios. Estes valores contrastam com o ritmo de endividamento do período entre 2007 e 2010, por exemplo, quando a média trimestral oscilava entre 750 milhões (2008) e 2,5 mil milhões de euros (2009).
São os sacrifícios (a roubalheira!) a bater contra uma parede!
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Ciclo
O molar solitário de uma prostituta
que morrera no anonimato
tinha uma aplicação de ouro.
Os restantes, como por mudo acordo tácito,
tinham caído.
O funcionário da morgue arrancou-o,
pô-lo no prego e foi dançar.
É que, dizia ele,
só o que é da terra à terra deve voltar.
Gottfried Benn (Alemanha, 1886-1956)
(do livro «Alma e o Caos - 100 poemas expressionistas» - selecção, tradução, introdução e notas de João Barrento - Relógio D' Água, Lisboa/2001)
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MELODIA
Este é o orvalho dos teus olhos.
Esta é a rosa dos teus vales.
O silêncio dos olhos está no silêncio das rosas.
Tu estás no meio,
entre a dor e o espanto da treva.
Arrancas-te ao mundo e és a perfumada
distância do mundo.
Chego sem saber, à beira dos séculos.
Despenho-me nos teus lagos quando para ti
canta o cisne mais triste.
O pólen esvoaça no meu peito, junto às tuas
nuvens.
Esta é a canção do teu amor.
Esta é a voz onde vive a tua canção.
As tuas lágrimas passam pela minha terra
a caminho do mar.
José Agostinho Baptista (n. 1948)
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Tanta coisa, tanta coisa e afinal é só na terça-feira, em novo conselho de ministros que...
É claro que terça-feira é dia de Feira da Ladra...
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Ingénuo por vezes, crédulo muitas mais, mas sempre bem intencionado, eu acreditava que ontem o PR iria falar do mar, da «economia do mar» e, logo, do paradigmático e absurdo caso dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. As coisas que esta cabecinha pensa...
Afinal, o filho do gasolineiro algarvio apareceu-nos a falar de «consenso» e de «fadiga da austeridade».
«Fadiga da austeridade»?!... As coisas torcidas e nauseabundas que entopem aquela cavaca cabeça são notáveis, notáveis meus amigos...
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FLORES PARA MORTOS
Não se comem lírios,
Nem cravos e rosas.
De contrário, os poetas
Não as escolhiam
Para as suas glosas.
Nem as flores seriam,
Agora mais raras,
Cobertura fácil
Para as campas rasas.
Edgar Carneiro (1913-2011)
(do livro «A Faca No Pão» - Lisboa, 1981)
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Querem ver que isto é o povo na rua a gritar "Morte ao fascismo!", "Guerra do povo à guerra colonial!" e "Governo Democrático e Popular!»?...
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Cum catrino! Este blogue faz hoje quatro anos!
O tempo passa mesmo a correr...