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Mai 13

 

 

 *   *   *

 

(Quando me cansar de voar ou)

 

Quando me cansar de voar ou

a ferida estiver finalmente visível,

promete-me que a faca

será afiada e silenciosa.

Que eu não a veja chegar,

como se não tivesse passado

uma vida a pressenti-la nas dobras

do lençol, mortalha de tantas noites.

E antes, dá-me de beber

entre as mãos, conta-me

de céus azuis, sem garras

e sem abismos. Espera que

o meu coração de novo pequenino

se aninhe no calor das tuas veias

e se torne apenas a memória de

um sobressalto contra a tua pele.

 

                                                           Inês Dias

 

(do livro «Em Caso de Tempestade Este Jardim Será Encerrado» - Tea For One, 2011)

 

publicado por flordocardo às 04:24
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