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Jun 13

 

*   *

 

 

(Quero uma vida em forma de espinha)

 

 

Quero uma vida em forma de espinha

Num prato azul

Quero uma vida em forma de coisa

No fundo dum sítio sozinho

Quero uma vida em forma de areia nas minhas mãos

Em forma de pão verde ou de cântara

Em forma de sapata mole

Em forma de tanglomanglo

De limpa-chaminés ou de lilás

De terra cheia de calhaus

De cabeleireiro selvagem ou de édredon louco

Quero uma vida em forma de ti

E tenho-a mas ainda não é bastante

Eu nunca estou contente

 

 

                                             Boris Vian (França, 1920-1959)

 

(do livro «Canções e Poemas» - tradução de Irene Freire Nunes e Fernando Cabral Martins - Assírio & Alvim, 1997)

publicado por flordocardo às 04:48
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