19
Out 13

 

 

*   *   *

 

O NOSSO MUNDO É ESTE

O nosso mundo é este 
Vil suado 
Dos dedos dos homens 
Sujos de morte. 

Um mundo forrado 
De pele de mãos 
Com pedras roídas 
das nossas sombras. 

Um mundo lodoso 
Do suor dos outros 
E sangue nos ecos 
Colado aos passos… 

Um mundo tocado 
Dos nossos olhos 
A chorarem musgo 
De lágrimas podres… 

Um mundo de cárceres 
Com grades de súplica 
E o vento a soprar 
Nos muros de gritos. 

Um mundo de látegos 
E vielas negras 
Com braços de fome 
A saírem das pedras… 

O nosso mundo é este 
Suado de morte 
E não o das árvores 
Floridas de música 
A ignorarem 
Que vão morrer. 

E se soubessem, dariam flor? 

Pois os homens sabem 
E cantam e cantam 
Com morte e suor. 

O nosso mundo é este…. 

(Mas há-de ser outro.)

 


                               José Gomes Ferreira (1900-1985)


publicado por flordocardo às 19:35
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17
Out 13

 

 *   *   *

 

 

Um livro interessante. O autor é escocês e lecciona economia política na Universidade de Brown.


publicado por flordocardo às 05:11
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*   *

 

«E é da obstinação sem tréguas que a poesia exige que nasce o «obstinado rigor» do poema. O verso é denso, tenso como um arco, exactamente dito, porque os dias foram densos, tensos como arcos, exactamente vividos. O equilíbrio das palavras entre si é o equilíbrio dos momentos entre si.» 

 

Sophia Mello Breyner Andresen, in Arte Poética II

publicado por flordocardo às 04:57
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16
Out 13

 

 

*   *

 

Aí está: o OE/2014 deu ontem entrada na Assembleia da República e as suas linhas principais foram apresentadas pela ministra das Finanças.

 

O OE/2014 - «decisivo», segundo classificou a ministra - constitui «mais do mesmo»: mais exploração, mais austeridade, mais empobrecimento do país. Ele segue uma orientação precisa e que sempre presidiu aos ditames do capital e, obviamente, da tróica e dos seus serventuários: reduzir ao mínimo possível os salários de quem trabalha (embora o governo propagandeie que o OE, desta vez, incide nos «cortes na despesa»...).  Mas do que se trata é de uma nova e ainda maior transferência dos rendimentos do Trabalho para o Capital!

 

Assim, o OE/2014 contempla, de forma sucinta, o seguinte:

- redução dos salários dos trabalhadores do Estado, a qual abrangerá mais de 500 mil funcionários (que acresce ao aumento do horário de trabalho já imposto e ao aumento da idade de reforma para os 66 anos), a qual não deixará, como é óbvio, de ter repercussões salariais do sector privado;

- redução das pensões de viuvez (daqui resultando uma "poupança" algo semelhante aquela que o Estado perderá com a redução do IRC para as empresas);

- redução das verbas para a Educação e a Saúde, entre outros sectores;

- aumento do imposto de circulação para as viaturas a gasóleo;

- aumento dos impostos sobre o álcool e o tabaco;

- aumento do preço da electricidade em 2,8% para o próximo ano.

O resto são... amendoins...

 

Politicamente, o governo Coelho/Portas visa alcançar um objectivo preciso - à nossa custa, claro está: ver-se livre da tróica em 2014 e a qualquer preço, esperando depois um qualquer "milagre" de "crescimento" até 2015, ano de eleições legislativas... Se o "milagre" falhar logo nos primeiros meses de 2014, então estes crápulas serão bem capazes de atacar de novo o Tribunal Constitucional, responsabilizando este pelo seu fracasso e... dando à sola - esperando um golpe de asa da Virgem de Fátima em seu favor em eleições antecipadas.

 

Todavia, é absolutamente evidente que com estas medidas e esta política o país caminha para uma tragédia económica e social sem precedentes, bem pior do que aquela em que já se encontra.

 

Para evitar que se torne definitivo o plano de destruição da nossa soberania e o brutal empobrecimento de quem trabalha, é cada vez mais urgente varrer este governo do poder, revogar todas as medidas que foram impostas pela tróica e constituir, com eleições ou sem eleições, um  governo democrático patriótico.

 

E, para já, torna-se imperioso e indispensável atirar o presente orçamento de Estado para o lixo. Esta é a única expectativa que pode e deve ser estimulada por quem se assuma como patriota e democrata!

 

publicado por flordocardo às 03:15

15
Out 13

 

 

*   *


«O que vale a pena ser feito vale a pena ser

bem feito.»


Nicolas Poussin



publicado por flordocardo às 05:21
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09
Out 13

 

 

*   *

 

(Há muito tempo que nada escrevia. Logo calhou hoje, que faço anos)

 

 

MESMO SOB ESTE SOL

 

o tempo agoniza

fede

treme

 

ainda assim

eu podia beijar-te agora

sem paragem

 

(como se dissipasse

esse pus impuro

que escorre do tempo)

 

 

(Parede, 09.10.2013)

publicado por flordocardo às 04:52

08
Out 13

 

 

*   *   *

 

«Carne de hoje, pão de ontem e vinho d’outro verão,

fazem o homem são!»


(E já me esquecia: que grande tarde de praia tive ontem!)


publicado por flordocardo às 03:40

07
Out 13

 

 

*   *   *

 

 

O "Jornal de Angola" defende Rui Machete e aproveita para atacar a Procuradoria-Geral da República (portuguesa); os chineses da EDP (China Three Gorges) afirmam-se surpreendidos com a decisão anunciada pelo governo, dizem que a taxa de 100 milhões de euros vai fazer subir os preços da energia e escrevem uma carta a Paulo Portas sobre o assunto; Pedro Mota Soares confirma corte nas pensões de sobrevivência; a tróica abala do país dizendo que tudo vai bem por aqui...

 

A normalidade, portanto, é total.

publicado por flordocardo às 03:48

05
Out 13

 

 

*   *   *

 

 

PRIMAVERA NOS DENTES 

Quem tem consciência para ter coragem 
Quem tem a força de saber que existe 
E no centro da própria engrenagem 
Inventa a contra-mola que resiste 

Quem não vacila mesmo derrotado 
Quem já perdido nunca desespera 
E envolto em tempestade decepado 
Entre os dentes segura a primavera 

                                João Apolinário (1924-1988)

 

publicado por flordocardo às 00:18
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04
Out 13

 

 

*   *   *

 

O PSD levou mais de cinco horas a tentar descobrir culpados para a hecatombe eleitoral que sofreu no passado domingo, mas parece que não conseguiu ainda apurar os factos todos...

António Costa, do PS, demorou quatro dias para perceber que o seu partido ainda não é alternativa de governo ao executivo Tróica/Coelho/Portas...

António José Seguro, secretário-geral do PS, demorou também quatro dias e mais umas horas a aconselhar os seus acólitos de que não devem entrar em estado de euforia...

Paulo Portas e a Dª. Maria Luís Albuquerque, em nome do governo, anunciaram, entretanto, que o país entrou numa nova fase de..., de optimismo... E que vai tudo bem com a tróica...


Conclusão: eles - graças aos que ousam lutar e a mais ninguém! -, ainda não sabem bem o que os espera!!! 



publicado por flordocardo às 03:15

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