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Fev 14

 

 

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Parecendo definitivamente afastada, por evidente conveniência das partes, a possibilidade de em Maio próximo o país recorrer a um «segundo resgate», vem dominando o debate político a questão de saber se Portugal, através do governo PSD/CDS-PP (e com a óbvia e prévia concordância da tróica) irá optar na altura por um «programa cautelar» ou por um «regresso livre (livre?!...) aos mercados» como fez a Irlanda.

 

Neste contexto, a chamada comunicação social, contagiada pelo abstruso linguajar governamental, passou a designar a opção pelo «programa cautelar» como «saída suja» (já que «saída sujíssima» seria por certo o tal segundo resgate...) e por «saída limpa» a escolha da outra hipótese. 

 

As duas possibilidades assim colocadas em aberto vão, consoante os casos, ganhando opositores e adeptos dentro dos vários partidos e correntes de opinião, originando discussões que atordoam e adormecem mesmo o cidadão mais atento e interessado em encontrar respostas para a medonha crise que o país atravessa. Uma coisa, porém, é certa: as opções apresentadas e os argumentos expendidos visam somente escamotear que em Maio próximo (e para não dizer já!) há uma terceira hipótese, a hipótese de uma verdadeira saída do garrote em que o PS, o PSD, o CDS-PP, Cavaco e a tróica colocaram Portugal através do famigerado «Memorando de Entendimento».

 

Dando de barato que ninguém sabe em que podia efectivamente consistir um «segundo resgate» nem uma «saída suja», deve ser dito que uma «saída limpa» continua a ter muito que se lhe diga... Desde logo é imperioso não esquecer que estamos obrigados a atingir um défice que não pode ultrapassar os 0,5 por cento do PIB (défice que está agora acima dos 5 por cento). Ou, colocadas as coisas de outra maneira, isto quer dizer que qualquer das saídas que a burguesia e seus ideólogos nos apresenta como exclusivas e inevitáveis irá continuar por anos e anos a fio a determinar desemprego, diminuição dos salários, perda de direitos básicos e pobreza crescente. É por isso que quando meia-dúzia de patêgos nos aparecem a dizer que findo o «ajustamento» nos veremos livres da tróica e recuperaremos soberania é nosso dever espetar-lhes duas lambadas (pelo menos) nas respectivas faces, já que eles o que realmente nos estão a prometer, isso sim, é a prossecução  servil dos ditames do capital e, muito em particular, do capital alemão, no nosso país.

 

Ademais, talvez seja importante salientar também que a dívida pública está hoje nos 128 por cento do PIB, quando na altura da assinatura do «Memorando» estava em pouco mais de 90 por cento do mesmo PIB. Ora é inquestionável que os nossos credores e seus lacaios continuam a querer que paguemos tal dívida, independentemente da opção que venha a ser escolhida até ao próximo mês de Maio.

 

Posto isto, qual é então a saída real que se nos apresenta na actual situação e que se encontra afastada das "democráticas" discussões de "entendidos" sobre esta matéria?

 

A saída passa por sair do «Memorando» ou, dito de modo mais correcto e preciso, por NÃO PAGAR A DÍVIDA, SAIR DO EURO E RESTITUIR AOS TRABALHADORES TUDO AQUILO QUE LHES FOI ROUBADO!

 

Mais do que um programa, esta solução constitui uma linha política de orientação fundamental para unir todos os trabalhadores portugueses e todos os democratas e patriotas que se prezem de o ser. Só partindo destas premissas é que será possível erguer um forte e imparável movimento político e social capaz de cumprir essa tarefa urgente que é derrubar o governo Coelho/Portas e, consequentemente, vir a formar um governo democrático patriótico que disponha de um programa que possa erguer o país da agonia do desemprego, da fome, da miséria e da subserviência ao imperialismo "redentor" da União Europeia - ou seja, da Alemanha.

 

Será que a dita «esquerda» em Portugal compreende e aceita esta saída - fácil de entender por qualquer operário consciente -, ou será que a mesma anda entretida em discussões fúteis e, sobremaneira, a tentar juntar "soldados" e votos para "convergir", sem contudo ter qualquer linha política de futuro verdadeiramente digna desse nome?  Até mais ver parece-me que a segunda hipótese é a verdadeira; mas está, a meu ver, invariavelmente condenada ao fracasso.

 

publicado por flordocardo às 02:53

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