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UM POEMA TRANQULO
um pássaro qualquer insistente volteia por aqui
toma altura e mergulha depois tranquilo
por entre o betão destes prédios altos
da avenida de berna e da cinco de outubro
queria escrever um poema assim tranquilo
mas não é fácil sabem
entre canos
soros tubos sangues fístulas
tecer um poema tranquilo
é fodido
(provavelmente sempre o foi
e o pássaro saberá mais disso do que eu)
(Lisboa, 26-27.02.2014)