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Nov 09

 

Deu recentemente uma série de entrevistas.

Acaba de editar um livro, de seu nome «A economia e o futuro de Portugal» (cujo lançamento ocorreu no passado dia 30 de Outubro, no Centro Cultural de Belém).

 

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Chama-se Ernâni Lopes, é Professor Doutor e está preocupado com o país.

 

Ora - uns mais, outros menos -, preocupados estamos todos; de onde se infere que a novidade e o destaque dado ao cidadão em questão não resulta desse facto, mas antes daquilo que o autor do dito livro analisa, aprecia e propõe.

 

Convirá, primeiro que tudo, explicar quem é, o que fez e o que faz o Prof. Dr. Ernâni Lopes.

 

Ernâni Rodrigues Lopes nasceu em 1942. É Doutorado em Economia (UCP) e Licenciado também em Economia pelo ISCEF. Foi Director de Serviços de Estatística e de Estudos Económicos do Banco de Portugal (1974-1975), Embaixador de Portugal em Bona (Bona!, antiga RFA) de 1975 a 1979. Foi ainda Embaixador, Chefe da Missão de Portugal junto das Comunidades Europeias (Bruxelas), entre 1979 e 1983. Foi ainda Ministro das Finanças e do Plano (do Plano, notem!) do IX Governo Constitucional, chefiado pelo Dr. Mário Soares (1983-1985). Foi ainda consultor económico do Banco de Portugal entre 1985 e 1989. Representou ainda o Governo português na Convenção Europeia (2002-2003). Foi ainda mandatário nacional da coligação PPD/PSD-CDS/PP, "Força Portugal", liderada por João de Deus Pinheiro, candidata às eleições de 2004 para o Parlamento Europeu. Foi ainda presidente do conselho de administração de várias empresas, nomeadamente chairman da «Portugal Telecom». É actualmente o principal responsável da consultora «SaeR - Sociedade de Avaliação Estratégia e Risco, Ldª.»

 

Acresce (e bem) que Ernâni Lopes é quase indesmentivelmente tido como um dos principais ideólogos e negociadores da adesão de Portugal à então denominada CEE.

 

Dito isto, o que nos vem agora revelar o dito e que tanto frisson e eco tem causado na comunicação social?

 

Socorro-me do semanário «Sol» (e não do citado livro, que irei ler mal possa):

 

- Ele diz-nos que a coisa está bera como a ferrugem... Diz-nos que «a nossa industrialização é fraca e insustentada, além de termos um Estado despesista e para nada». De quem será a culpa da desindustrialização do país? Silêncio total...

 

- Diz-nos que as oportunidades de correcção que existiram «não foram aproveitadas, tendo-se perdido activos e vocações, desperdiçado recursos, relevância e poder», pelo que, agora, «o futuro é mais incerto e inseguro». Que oportunidades foram essas (CEE?) e quem as desperdiçou? Silêncio total... 

 

- Diz-nos que Portugal terá um papel importante a cumprir no mundo se assentar a sua geopolítica em «quatro pólos fundamentais», a saber, «Portugal, Europa, África e Brasil» - isto quando nós sabemos que a «adesão europeia» fez a classe dominante portuguesa e seus sucessivos governos optar pela "europeização" e mandar às urtigas a África e o Brasil, realidade patente no facto dos nossos principais parceiros comerciais serem hoje a Espanha e a Alemanha...

 

- Diz-nos que precisamos de «uma elite dirigente» que «não se limite a fazer política corrente» - como se nós não soubessemos que políticos temos tido e temos no poder, e o próprio não tivesse tido aí o seu lugar...

 

- Diz-nos que ter economia «é a condição de existência do país com autonomia» - afirmação que constitui uma revelação, uma verdadeira, tremenda e profundíssima descoberta para todos nós, que somos uns verdadeiros broncos!...

 

- E para terminar, abreviando, diz-nos que se instalou em Portugal «um cenário de definhamento» e que esse é «o problema mais imediato e que temos de matar. O problema é que não há maneira»...

 

Ora porra, porra, porra!!!

 

Haverá pachorra para isto?!...

 

Eu vou ler o livro com calma, juro. Mas o que aqui fica dito é desde já muito revelador. Evidencia, desde logo, a total incapacidade de auto-crítica desta gentinha, já que o Professor Doutor põe o rabinho de fora, pois nada tem a ver, a acreditar nas suas palavras, com o estado de "definhamento" e de podridão a que as coisas chegaram no nosso país.

 

E o problema é que Ernâni Lopes não é caso único...

 

Conclusão: se gente desta é que é a alternativa, então é certo e sabido que vamos continuar entregues à bicharada!!!

 

 

publicado por flordocardo às 18:00

É fartar vilanagem!

Temos é correremos com esta classe de parasitários!
Porto Santo a 13 de Novembro de 2009 às 16:09

Amigo, compreendo a sua indignação mas acho que seria mais proveitoso que convidasse o Prof. Ernani para um café e debatesse esses assuntos. Parece-me suspeito criticar a atitude de alguém sem sequer ter tentado debater o assunto cara-a-cara. Se agente critica essa malta rançosa e velha que fala mal do pais, também não fica bem ficarmos sentados com a nossa indignação.
Duarte Fonseca a 21 de Novembro de 2009 às 23:45

A sua proposta revela inteligência. Voçê será certamente daquelas pessoas com as quais eu me posso entender. Só existe um pequeno senão: o ideal era poder debater a questão sem ser em privado dom o Prof. Dr. Ernâni Lopes. Ora contactá-lo para tanto é que é o busílis...

Um abraço!
flordocardo a 24 de Novembro de 2009 às 14:53

Não conheci pessoalmente Ernâni Lopes mas sei que em 83 teve um contributo muito importante no Banco de Portugal que acompanhei de perto. Acima de tudo podemos todos, se quisermos, com o devido espírito crítico procurar saber o que fez esta ou aquela individualidade. O livro que leu em 2009 não era um relato dos feitos de Ernâni Lopes, antes uma visão desta pessoa sobre o futuro. Em 2010, no programa "plano inclinado", ele e Medina Carreira falaram de um possível intervenção do FMI em Portugal. Essa intervenção veio mesmo a acontecer há muito pouco tempo, apesar de nos terem dito que "não seria necessário", "que haveria PECs", etc. Pouco tempo depois o Ernâni Lopes morreu no IPO de Lisboa. Nunca em tempo algum recebeu uma visita que fosse do nosso Presidente da República, de quem fora muito próximo. Tal como os feitos deste homem não são conhecidos, também esta "interessante verificação" não é conhecida... há coisas que não sabemos e que podiam mudar a nossa forma de pensar sobre o Mundo. Mas não interessa ... é melhor que façamos todos como o meu caro. Ler um livro não é sinónimo de "conhecer" e sem "conhecer" os nossos juízos de opinião podem tornar-se muito vazios.
Norrin Radd a 14 de Abril de 2011 às 19:19

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