Um poema de Luís Manuel Gaspar - retirado da revista «Telhados de Vidro», nº. 5 (Novembro de 2005) -, eis o que por agora vos deixo aqui.
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Hei-de saber onde ficou guardado o fogo
que nos queimava o ar que havia entre os dedos
e a praia rasa afundada pela sombra
dos longos passos que deitámos para o mar
Hei-de juntar as duas partes deste enredo,
a língua ática dos ramos cor de sangue,
a rede a rojo trespassando a pele de areia,
o remo irado que rompera o dia a meio
Hei-de seguir a estrela húmida da fronte
mas noutra vida, noutro anel de claridade,
que as rosas rendem-se ao relâmpago do sono
ou ficam cegas no vermelho do seu laço
Velam as barcas sob os arcos. Já não vejo
a minha mão colada a ti na outra margem