08
Out 10

 

(Apesar da tarde não estar amena...)

 

*   *   *

 

 

NO BANCO AO PÉ DAS NOSSAS CASAS

 

                                                 À memória da minha amiga

                                                                                    Marta Furtado

 

 

aquela tarde amena foi a última

a ver-te por aqui. sei que perguntaste

à minha mãe por mim, estava eu

longe, no meu emprego estável,

começando a ganhar a vida e

a perder a alma aos pontos.

 

amena, ainda a tarde esteve contigo

e eu não, neste banco ao pé

das nossas casas, onde me sento

hoje à espera que a tua voz me fale

de poetas, paixões vertiginosas, pintores

que descobriste, de uma passagem dos

The The que cantas sem respirar.

 

talvez pudesse agora devolver-te

qualquer coisa, mostrar-te como

as músicas de Lhasa, estas fotografias

de Paris com neve e este filme do

Clint Eastwood sobre a redenção e o amor

podem ajudar a atravessar uma noite.

 

mas tu deves estar a desenhar

e a esta hora, Marta, já não vens.

amanhã, se a tarde estiver amena,

trago tudo comigo e espero por ti

neste banco ao pé das nossas casas

 

                                                Renata Correia Botelho

 

(do livro «Small Song» - Averno, Setembro/2010)

 

publicado por flordocardo às 12:57


Boa tarde!

É muito bonito, este poema.
Obrigada por o partilhares.

Bom fim de semana.
gotadeorvalho a 8 de Outubro de 2010 às 18:40

De nada. Este blogue serve para isso mesmo.
Bom fim-de-semana também para ti! :)
flordocardo a 8 de Outubro de 2010 às 23:46

Mais

Comentar via SAPO Blogs

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

Este blog tem comentários moderados.


Outubro 2010
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2

3
4
5
6
7
8
9

10





Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

subscrever feeds
mais sobre mim
pesquisar
 
blogs SAPO