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ESTA GENTE

 

Esta gente cujo rosto
às vezes luminoso
E outras vezes tosco

Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis

Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre

Pois gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É gente em quem
Um país ocupado
Escreve o seu nome

E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada

Meu canto se renova

E recomeço a busca
De um país liberto
De uma vida limpa
De um tempo justo

               Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004)

 

(do livro «Geografia» - Ática, 1967)

 

publicado por flordocardo às 10:18
tags:

Belíssimo poema!
M. Silvino a 17 de Novembro de 2010 às 10:51

Creio que posso chamar a isto 'um poema limpo e justo'.
Sempre excelentes os poemas que aqui pões.
Bjitos!
Melt a 17 de Novembro de 2010 às 12:56

Precisamos de mais poemas assim.
anónima a 17 de Novembro de 2010 às 20:01

Belo poema de uma poeta extraordinária...bom para estes tempos.
Porto Santo a 17 de Novembro de 2010 às 20:04

Muito bom para estes tempos!
Abraço!
ramsés a 17 de Novembro de 2010 às 21:44

Um poema lindíssimo, com um sentido que faz chorar por dentro, escrito por uma grande senhora! Obrigada por isto.
Beijinhos para ti
ónix a 17 de Novembro de 2010 às 21:56

A mim não tens nada que agradecer. Mas obrigado!
flordocardo a 17 de Novembro de 2010 às 23:11

Um poema que nos enche por dentro.
Bjitos!
Luna a 19 de Novembro de 2010 às 14:45

...Que nos enche por dentro - gosto dessa!
Bjitos e bom fds pra ti!
flordocardo a 19 de Novembro de 2010 às 15:26

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