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Dez 10

 

*  *

 

 

(Trago os instrumentos do fogo)

 

Trago os instrumentos do fogo

Ponho-os na boca

Ponho-os no coração

 

Trago os instrumentos da respiração

- Uma montanha, uma árvore que lhe dá abrigo -

E suspendo-os nos ramos como pinhas que dão sombra

Um lugar fresco para os deportados de Sião nas margens

 

Trouxe também os instrumentos dos mineiros

Uma luz na cabeça voltada para o pensamento

Um olhar profundo

O modo prisioneiro de virem livremente para fora

 

E trago todos os instrumentos na circulação do sangue e na ocupação permanente

Das mãos

Para o instrumento difícil

Do silêncio

 

                                          Daniel Faria (1971-1999)

 

(do livro «Homens que são como lugares mal situados» - Fundação Manuel Leão, Porto/1998)

 

 

publicado por flordocardo às 10:28
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Belo,belo...com todo o sentido.
Bjokas
ónix a 9 de Dezembro de 2010 às 22:24

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