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(Trago os instrumentos do fogo)
Trago os instrumentos do fogo
Ponho-os na boca
Ponho-os no coração
Trago os instrumentos da respiração
- Uma montanha, uma árvore que lhe dá abrigo -
E suspendo-os nos ramos como pinhas que dão sombra
Um lugar fresco para os deportados de Sião nas margens
Trouxe também os instrumentos dos mineiros
Uma luz na cabeça voltada para o pensamento
Um olhar profundo
O modo prisioneiro de virem livremente para fora
E trago todos os instrumentos na circulação do sangue e na ocupação permanente
Das mãos
Para o instrumento difícil
Do silêncio
Daniel Faria (1971-1999)
(do livro «Homens que são como lugares mal situados» - Fundação Manuel Leão, Porto/1998)