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Dez 10

 

*    *

Remexendo ainda no meu velho computador, deparo com este poema. Constato depois que o mesmo viu pela primeira vez a luz do dia no jornal «Luta Popular», edição de Julho de 2008. Continuo a achá-lo muito actual e por isso aqui o deixo, ainda que em 2ª. mão.

 

sangue.jpg

 

  

 

 

SINAL

 

 

 

 

Em contraste com as negras águas

que se acumulam nas ruas

o sangue tornou-se invisível

sem cotação no mercado

do «mercado livre»

 

O sangue foi tapado

silenciado

homogeneizado

pasteurizado

reutilizado em cubos de gelo

para cocktails com powerpoint

 

O sangue tornou-se

uma nódoa imprevista

e lavada

raspada

tornada a lavar

posta ao ar

para que o sol a seque

 

O sangue não é nada

para além de uma réstia na memória

breve menção no dicionário de uma língua

em coma - e que ainda assim se põe à venda

 

O sangue ficou à margem

televisivo

cinematográfico

como um veludo antigo

 

O sangue não matará

A violência do ar roeu-lhe tudo

 

Mas no quinhão imperceptível que lhe resta

sob o empedrado

lá no fundo

o sangue brilha e tece a conjura

o retorno

 

(Lisboa, Abril/Maio de 2008)

                 

publicado por flordocardo às 00:06

Enormemente actual...
Porto Santo a 21 de Dezembro de 2010 às 00:37

Ok! Força!
flordocardo a 21 de Dezembro de 2010 às 16:55

Gosto. Abraço e desde já votos de Boas Festas!
Luísa a 21 de Dezembro de 2010 às 11:39

Já? Natal e Ano Novo?
Boas festas também para ti!!!
flordocardo a 21 de Dezembro de 2010 às 16:56

Sabes o post anterior que fizeste intitulado "Surpresa"? Ora essa definição de poesia, se é que a podemos definir, enquadra-se perfeitamente neste poema. :)

bjs***
Só Avulso a 21 de Dezembro de 2010 às 13:03

Fico contente por achares tal.
Bjitos! * * *
flordocardo a 21 de Dezembro de 2010 às 16:54

Eu também gosto. Abraço!
TF a 21 de Dezembro de 2010 às 14:26

Obrigada por gostares!
Abraço!
flordocardo a 21 de Dezembro de 2010 às 16:57

Gostei muito deste poema e aproveito desejar Boas Festas!
Bjitos!
anónima a 21 de Dezembro de 2010 às 23:20

Agradeço e retribuo, ó 'anónima'.
Bjitos! *
flordocardo a 22 de Dezembro de 2010 às 02:06

Pois gosto!
Melt a 22 de Dezembro de 2010 às 12:47

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