06
Dez 09

 

Finalmente encontrei o raio do livro!

Já vos posso facultar alguma poesia húngara.

                    *  *

 

DIZEM


Quando nasci tinha uma faca na mão.
Dizem: é poesia.
Mas peguei na pena, melhor ainda que a faca.
Nasci para ser homem.

Alguém soluça uma felicidade apaixonada.
Dizem: é amor.
Chama-se ao teu seio, simplicidade das lágrimas!
Só contigo eu brinco.

Não recordo nada e também nada esqueço.
Dizem: como é possível?
O que deixo cair mantém-se sobre a terra.
Se o não encontro, tu o encontrarás.

A terra me aprisiona, o mar me dilacera.
Dizem: um dia morrerás.
Mas dizem-se tantas coisas a um homem
que nem sequer respondo.

(1936)

Attila József (Hungria, 1905-1937)

 (do livro Não Sou Eu Que Grito, selecção e tradução de 31 poemas de Attila József

por Egito Gonçalves - Editora Limiar, 1986)

 


Luz Teimosa, 1949-52.
Fernando Lemos.

 

 


 

publicado por flordocardo às 01:17
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Dezembro 2009
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