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Em vez de se discutir como pode o país voltar a crescer - e com mais igualdade -, discute-se o que fará fulano de tal ou fulano de tal, a respeito disto ou daquilo (sempre questões laterais e secundárias, note-se) se for eleito para a Presidência da República; e discute-se ainda aquilo que o outro fez e não devia ter feito...
Ter indústria, ter agricultura, ter serviços, ter pescas, ter uma melhor Saúde e um melhor sistema de Educação, isso não se discute - apesar disto ser precisamente aquilo que importa discutir. Tanto mais que começa a ser consensual que este regime e modelo económico já deram o que tinham a dar...
Foi isto que verifiquei nos debates t e l e v i s i v o s. E agora está decidido de vez: nenhum dos actuai s candidatos vai ter o meu voto no dia 23 de Janeiro.
Contudo há um aspecto no debate de ontem que não posso deixar em claro: aquela história do «não dizer mal dos credores»…
Cavaco Silva voltou à carga sobre este assunto, sem ter tido uma resposta firme e peremptória de Manuel Alegre.
O que Cavaco defende, no fundo, é a velha máxima do tempo da outra senhora de que «manda quem pode, obedece quem deve». A actual “sensatez” de Cavaco não me espanta. Não foi dele que veio a história do «bom aluno» - da qual estão à vista os “bons resultados”?...
A teoria de Cavaco é tão simples e rasteira quanto isto: sejamos servis, pois quem nos empresta dinheiro a juros usurários só quer o nosso bem…
Mas eu acho que nem Salazar nem Caetano teriam ousado ir tão longe quanto Cavaco nesta matéria. Eis o que Alegre lhe devia ter dito, caso tivesse no sítio os ditos cujos…