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Mar 11

 

*   *

 

PRESENÇA

Como se as tuas mãos sobre os meus olhos ainda
pudessem, como antes, deter-se com amor,
gosto de fechar os olhos quando penso em ti. Sonora,
a tua lembrança move-se na penumbra clara…

Volto a ouvir os teus passos lá longe, na luz.
Meço, em tom e ritmo, a distância.
Agora, deténs-te perto. Aspiro, rosa rançosa,
uma rajada ardente do teu antigo perfume!

As lembranças, os sentidos, toda a minha vida,
calam-se perante a angústia vigilante do ouvido
que te persegue no silêncio onde te recolhes.

Se agora esticasse os braços na escuridão, ainda
poderia amparar-te, sonho de cada dia.
Mas já não estarás aqui quando eu voltar a abrir os olhos.

 

                                                           Màrius Torres (Catalunha, 1910-1942)

 

(do livro «A Cidade Longínqua» - tradução de Rita Custódio e Àlex Tarradellas, edição da Ovni)

publicado por flordocardo às 00:35
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Mais um belíssimo poema.
Abraço e tudo a correr pelo melhor! :)
Luísa a 6 de Março de 2011 às 16:55

Mais um belo poema de um autor que não conhecia.
E como vai isso? Espero que em vias de melhoras!
Força!
incógnito a 7 de Março de 2011 às 13:20

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