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Mar 11

 

 

Não te fies do tempo nem da eternidade

Não te fies do tempo nem da eternidade
que as nuvens me puxam pelos vestidos,
que os ventos me arrastam contra o meu desejo.
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
que amanhã morro e não te vejo!

Não demores tão longe, em lugar tão secreto,
nácar de silêncio que o mar comprime,
ó lábio, limite do instante absoluto!
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
que amanhã morro e não te escuto!

Aparece-me agora, que ainda reconheço
a anêmona aberta na tua face
e em redor dos muros o vento inimigo...
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
que amanhã morro e não te digo...

 
                                                      Cecília Meireles (Brasil, 1901-1964)
(do livro «Retrato Natural») 
 
publicado por flordocardo às 00:20
tags:

Mais um belíssimo poema.
Força!
Melt a 31 de Março de 2011 às 12:31

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