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Dez 09

 

Não sei quando é que a praga terá começado. Eventualmente com a história do football, do mister, do snack-bar, ou do shopping
 
Depois veio o marketing, o software, o hardware, o reset, o restart (será restaurar?...), o link (será ligação?...), o upgrade, o fitness (será qualquer coisa que tenha  a ver com o filho do Elliot Ness?...), o ranking e, é claro, o big-brother
 
O que eu sei é que, depois, uma terceira vaga da teimosa praga nos trouxe o outsourcing («…uma forma de acrescentar valor a um negócio convertendo um centro de custos interno num serviço externo através da subcontratação, permitindo a libertação dos gestores para concentrarem a sua atenção nas áreas de negócio de elevada importância estratégica» - conceito exposto por Paulo Nunes,Economista, Professor e Consultor de Empresas), o backoffice, o cluster, a task force, o management, o budget, o project-finance, as star-up, as spin-out (assim umas coisas que saem de dentro de outras, como que por “magia”…) o mix (de tudo e mais alguma coisa, incluindo o «mix de impostos»…), o spread, o CEO, o rating, os subprime, o default. E ainda dois recentes achados meus: o double degree (será duplo grau?...) e a climate change
 
Chiça!!!
 
Mas se pegarmos nos jornais, sobretudo nos jornais ditos económicos, ou então nos suplementos de economia dos jornais diários ou semanários ditos generalistas… Put’... que pariu! É um ver se te avias, meus caros!!!
 
Alguns jornais de “referência” até se dão ao orgástico prazer de escrever uma expressão ou palavra em língua estrangeira para depois, entre parêntesis, a “traduzirem” para português – o que é verdadeiramente o cúmulo dos cúmulos do “amor” à nossa língua (a este propósito vejam, por exemplo, o caderno económico da última edição do semanário «Expresso»)!
 
De tal forma a praga nos ataca que os governantes - e acima de tudo os economistas – já não conseguem expressar-se noutro idioma que não seja o idioma… inglesar!
 
Este regabofe é saloio até dizer chega. É que esta gente tenta mostrar-se culta inglesando, quando nem português sabe verdadeiramente falar (e, possivelmente, escrever); basta escutar a forma como a saloiada constrói grande parte das tonitroantes frases com que diariamente nos pretende narcotizar…E este pessoal é fielmente seguido em tais disfunções, passo a passo, pela grande maioria dos nossos jornalistas…
 
Pois. É Portugal no seu melhor. Só é paradoxal (ou talvez não) que quanto mais inglesado, mais pobre

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

P.S. - Era para vos falar de anglicismos e acabei por vos falar do idioma inglesar. Desculpem lá. Eu sei que me desculpam.

É que...

Ouvi alguém um dia dizer (já não lembro quem) que a língua é mais forte que tudo; até que o próprio sangue. Mas para esta gente de que vos falei as coisas não são assim. 

 

publicado por flordocardo às 01:08

O grande problema destes senhores é que eles não sabem já falar português...nem com corrector.
Estão tão embevecidos com a língua do império, mostrando com isso a sua subserviência linguística e cultural.
Em tempos era bonito falar e escrever termos em francês , termos esses que consideravam que não eram possíveis de tradução...eram mais doces ao ouvido! Agora usamos os termos técnicos quando a nossa língua é riquíssima, ou se não existe, façamos como Fernando Pessoa, (que falava e escrevia inglês, também mas separando as duas suas línguas natais...)inventa-se!

Porto Santo.
Porto Santo a 17 de Dezembro de 2009 às 13:41

É isso. França em decadência e o «império», como dizes, para lá caminha.
flordocardo a 17 de Dezembro de 2009 às 18:03

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