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Por mais sondagens estapafúrdias que uns quantos façam, tenho para mim que o «estado de graça» do governo acabou em definitivo. Digo até mais: este executivo encontra-se completamente isolado perante o povo trabalhador português!
Têm reparado bem nos esgares faciais de Passos Coelho, de Miguel Relvas, de Álvaro Santos Pereira?... Mostram aqueles sinais claros que caracterizam os animais acossados perante um perigo mais ou menos indistinto, mas quase tacteável.
A luta dos trabalhadores da TAP, da Cerâmica de Valadares, dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, da SOREL, da FDO, por exemplo, elucida-nos bem sobre a crescente vontade combativa de quem vive exclusivamente do seu trabalho; espelha o seu desejo de luta, cada vez mais firme, contra a exploração e opressão do Capital.
A manifestação ocorrida neste último sábado, em Lisboa, voltou a demonstrar claramente a existência dessa combatividade crescente e de repúdio contra a política do governo PSD/CDS-PP e da troika.
Com efeito, o Terreiro do Paço albergou no sábado quase 300 mil homens e mulheres em protesto contra o actual governo de traição nacional e a troika imperialista. Mas tenho para mim que este mar de jovens, de reformados, de operários, de empregados, de agricultores, de desempregados não merecia ouvir da boca de Arménio Carlos – o novo secretário-geral da CGTP – a defesa de que temos de produzir para pagar a dívida… E que, para tanto, nos devem deixar respirar…
Como é isto?! Afinal, na óptica da direcção da CGTP, temos que pagar com língua de palmo uma dívida que não contraímos?!
Arménio Carlos portou-se como um operário, dos politicamente mais recuados, que se volta para o patrão e lhe diz: eu pago as suas dívidas, mas você tem que me dar mais tempo e, eventualmente, condições menos severas…
Afinal, estamos numa fase de recrudescimento das condições revolucionárias, objectivas e subjectivas, ou de auge da contra-revolução? Em que pé estamos? Creio que estamos numa fase em que a revolução começa a ganhar uma força crescente (em Portugal e não só).
Arménio Carlos e seus pares têm que ir rapidamente ao oculista!
É necessário convocar uma nova Greve Geral Nacional contra o “acordo” de concertação social, pelo repúdio da dívida, contra o governo lacaio da troika imperialista e por um governo efectivamente democrático e patriótico!
Tudo o mais não passa de uma treta e de uma traição aos sentimentos e aspirações dos trabalhadores deste país!
(PS - É óbvio, meus caros amigos, que o sr. Seguro não tem opinião nenhuma sobre tudo isto...)