Rede de muito alta tensão derrubada (foto de Mafalda Ferraz)
O temporal que assolou o Oeste, sobretudo Torres Vedras e Lourinhã (mas também outros concelhos, como o Cadaval e a Azambuja) deixou atrás de si um rasto de destruição assinalável.
As consequências mais notórias foram duas: o corte de electricidade durante vários dias consecutivos; a destruição de explorações hortícolas e frutícolas.
Tudo isto merece reflexão. E desde logo me ocorrem várias coisas...
a) Aqui há uns tempos, na Grã-Bretanha, o responsável nacional pela meteorologia do país foi demitido pelo governo por ter falhado as previsões quanto ao estado do tempo; havia uma regata, e os ventos ciclónicos afundaram barcos e mataram gente (isto para além das enxurradas que causaram grandes prejuízos).
Mas por cá, apesar dos satélites e tudo o mais, coisas destas são culpa do sacana do São Pedro e ninguém é demitido... Por cá, o que os governantes se limitam a fazer é “alertas” – laranjas, amarelos, etc. Para quê? Para o pagode fugir?!... Mas o que o pagode quer saber é que medidas políticas práticas foram adoptadas pela Protecção Civil a nível nacional, regional e local em face do previsível agravamento do estado do tempo! Ora isso, cá no burgo, nunca se sabe verdadeiramente!!!
b) A EDP demorou imenso a restabelecer a energia eléctrica nas áreas afectadas pela intempérie; e já disse não ir indemnizar ninguém... Espartilhada (nas REN e similares), a EDP pode dar lucros fabulosos aos accionistas com participações nos seus vários subdomínios, mas já não tem dinheiro para indemnizações... Bestial!...
A dita senhora disse também ter-se deparado com dificuldades na instalação de geradores nas áreas afectadas pelo temporal. Mas a EDP não tem um plano nacional de colocação de geradores em locais estratégicos, por distrito ou região, que permita acorrer a situações de emergência? Pelos vistos, não tem...
c) Assistimos depois à especulação de preços quanto aos produtos hortícolas. Os tomates, então, dispararam!... Mas o que é isto?! Muitos dos produtores que agora reclamam e inflaccionaram os preços receberam subsídios mais ou menos chorudos da UE... E nós agora é que pagamos (pagamos a dobrar, pois também pagaremos os subsídios facultados, tal como já estamos a pagar agora os aumentos de preço)?!
Conclusão que retiro de tudo isto: vivemos numa República das Bananas!!!