“Na China antiga havia uma fábula intitulada «Como Yukong removeu as montanhas». Nessa fábula conta-se que, em tempos que já lá vão, vivia na China setentrional um velho chamado Yukong, das montanhas do Norte. Do lado Sul, em frente da sua casa, havia duas grandes montanhas, Taiham e Vanvu, que lhe impediam a passagem. Dirigindo os seus filhos, Yukong decidiu-se a arrasar essas montanhas, a golpes de picareta. Vendo-os em tal trabalho, um outro velho, chamado Tchi-sou, desatou a rir e disse-lhes: «Que tolice! Sozinhos, vocês nunca conseguirão arrasar essas duas montanhas!», ao que Yukong respondeu: «Quando eu morrer, ficarão os meus filhos; quando por sua vez eles morrerem, ficarão os meus netos, e assim se sucederão, infinitamente, as gerações. Quanto a estas duas montanhas, são muito altas mas já não podem crescer mais e, a cada golpe de picareta, vão-se tornando mais pequenas. Por que razão, pois, não haveremos de poder arrasá-las?»
Acabando de refutar os pontos de vista errados de Tchi-sou, Yukong continuou, inabalável, a escavar dia após dia, o que comoveu o Deus dos céus que enviou dois anjos à Terra, para que carregassem às costas as duas montanhas.”
(excerto de um discurso de Mao Tsé-tung, pronunciado em 11 de Junho de 1945, por ocasião do VII Congresso do Partido Comunista da China)
Li pela primeira vez este discurso há muitos anos, mais de trinta;
e sempre o admirei. Sempre que volto a ele - e a esta fábula em particular - encontro-lhe novos aspectos e permanente actualidade. Concordam?