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Jul 12

 

 

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DESDE A AURORA

 

 

Como um sol de polpa escura
para levar à boca,
eis as mãos:
procuram-te desde o chão,

entre os veios do sono
e da memória procuram-te:
à vertigem do ar
abrem as portas:

vai entrar o vento ou o violento
aroma de uma candeia,
e subitamente a ferida
recomeça a sangrar:

é tempo de colher: a noite
iluminou-se bago a bago: vais surgir
para beber de um trago
como um grito contra o muro.

Sou eu, desde a aurora,
eu - a terra - que te procuro.

 


                                   Eugénio de Andrade (1923-2005)

 

(do livro «Obscuro Domínio» - 1971)

 

 

publicado por flordocardo às 00:42
tags:

Muiiiito bom! Adorei!
Bjocas
ónix a 21 de Julho de 2012 às 00:50

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