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Jul 12

 

 

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O TEMPO E OS OLHOS

 

 

Há um minuto quebrado

- Um instante que estava prometido -

Num busto de gesso mutilado

Com pó acumulado

Aonde o coração tinha batido

 

Não quero ser estátua nem esboço.

Antes a aranha que lhe tece a teia

Do que o volume imóvel duma veia

Que sobressai dum músculo sem osso.

 

Não quero ser a forma repartida

Por quantos a copiam e separam

Da sua íntima luz adormecida.

 

Quero é um corpo que tenha cheiro, e vida.

Quero na estátua as mãos que a modelaram.

 

Quero os teus olhos húmidos e graves

E tristes de pensar,

Postos no tempo sem o copiar

E suspensos dele, como o das aves.

 

 

                                           António Norton

 

(in «Líricas Portuguesas - II Volume» - Selecção e apresentação de Jorge de Sena - Edições 70, 1983)

 

publicado por flordocardo às 17:32
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Gosto!
M. Silvino a 31 de Julho de 2012 às 22:08

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