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NÃO TE DERRAMES
Não chores
Não te derrames
Haverá derramas
e depois amas
e depois mamas
- à custa de brutos geniais
que deram votos p’ra criar quintais
onde chafurdarás
como javali
na cama que fizeram para ti
Não desesperes mais
vai haver chuva na eira
sol nos nabais
coisas à colecta
e gente selecta
sentada (ao teu colo) nas galerias
enquanto os filhos
estudam esquadrimetrias
Cala teus ais
experimenta uns sais
Abrunha
É preciso ter calma
não dar o corpo pela alma
Nada de caramunha
O futuro é já ali
(enquanto alguém lá fora ri?)
Não te arrepenhes
Repito
não te derrames
Terás derramas
e depois amas
e depois mamas
e depois… emprenhas
C.Q. – 17/10/98
(Nota final - Por o considerar muito actual, passarei a designá-lo, em sub-título, por
«poema da troika»)