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Out 12

 

 

*  *  *

 

Tecendo a Manhã

 

1.
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.

De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.

 

2.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.

A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.

 

         João Cabral de Melo Neto (Brasil, 1920-1999)

 

publicado por flordocardo às 13:46
tags:

Um clássico deste poeta.
Abraço!
M. Silvino a 9 de Outubro de 2012 às 18:03

É mesmo. Abraço!
flordocardo a 10 de Outubro de 2012 às 01:07

Gosto. E PARABÉNS ( ainda que atrasados)!
ramsés a 10 de Outubro de 2012 às 17:44

Parabéns e força para o stent!
anónima a 10 de Outubro de 2012 às 18:07

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