14
Jan 10

 

 

Edna St. Vincente Millay (EUA, 1892–1951)

 

 

 

«…publicou numerosos livros de poesia, que, nem sempre libertos da retórica romântica, representam a independência feminina dos anos 20. É ela uma espécie de Florbela Espanca norte-americana, com uma consciência social que esta não teve, e uma deliberada elegância não-sentimental que torna modernos muitos dos seus versos que, naquela época, foram famosíssimos na língua inglesa.»

 

(do livro «Poesia do Século XX (de Thomas Hardy a C. V. Cattaneo)»; antologia, tradução, prefácio e notas de Jorge de Sena – Editorial Inova, 1978).

 

Dou-vos hoje, desta autora, o poema que se segue (um soneto) - na sua versão original (exposta em «Selected Poems», Perennial Classics, 1992), seguida da tradução feita por Jorge de Sena e incluída da obra anteriormente citada. Bem me custou a encontrá-la, pois não tinha a certeza se Sena a chegara a pôr em livro; mas lá a acabei por descobrir, assim me poupando a uma certamente precária tradução.

 

* *

 

What Lips My Lips Have Kissed, And Where, And Why

 

What lips my lips have kissed, and where, and why,
I have forgotten, and what arms have lain
Under my head till morning; but the rain
Is full of ghosts tonight, that tap and sigh

Upon the glass and listen for reply,
And in my heart there stirs a quiet pain
For unremembered lads that not again
Will turn to me at
midnight with a cry.

Thus in winter stands the lonely tree,
Nor knows what birds have vanished one by one,
Yet knows its boughs more silent than before:

I cannot say what loves have come and gone,

I only know that summer sang in me
A little while, that in me sings no more.

 

*

 

Que lábios os meus lábios já beijaram,

Onde e porquê, esqueci, como em que braços

Até pela manhã tive a cabeça;

Mas esta noite a chuva traz espectros

 

Que batem na vidraça, à escuta, à espera;

E uma saudade calma há no meu peito,

De jovens que não lembro e nunca mais,

Noite alta, me desejam num soluço.

 

Qual árvore isolada, assim, no Inverno

Não sabe de aves idas uma a uma

E só seus ramos sabe mais silentes,

 

Não sei que amores vieram e partiram:

Apenas sei que o Verão em mim cantou

Um breve tempo, e já não canta mais.

 

 

(ver post de 13 de Maio de 2009, onde é feita referência a este poema)

 

publicado por flordocardo às 14:16
tags:

Janeiro 2010
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2

3
4
5
6
7
8
9






Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

mais sobre mim
pesquisar
 
blogs SAPO