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(a rectidão da água; o crescimento) |
a rectidão da água; o crescimento das avenidas, ao anoitecer, sob a nua vibração dos faróis;
o laço, mesmo, das portas só entreabertas, onde a luz silenciosa se demora;
são memórias, decerto, de um anterior esquecimento, uma inocente fadiga das coisas, na véspera da guerra, o teu jeito para
o desalinho branco das palavras, altas as asas de nuvens no clarão do céu
em vão rigor abrindo o destinado enigma: assim desconhecer-te cada dia mais
ausente de recados e colheitas, em assustado bosque, em sombra clareira,
ao risco dos rios frívolos descendo seixos polidos, desinscritos, imóveis movendo
a luz do dia; a margem recortada, aonde vivem ausentes e seguros, os luminosos
animais do inverno; assim são na verdade os muros claros; assim respira o tempo, a terra intensa.
(do livro «A Pequena Face» - Assírio & Alvim, 1983)
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