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durante toda a noite a noite/ despedaçou-se contra os frágeis muros as casas sob o olhar/ dos plátanos despidos antecipando o regresso violento/ da chuva
não se ouvem já sequer os cães e as lágrimas/ são atravessadas pelo lado mais difícil/ por dentro turvando/ o olhar em pétalas soltas como raios
depois um silêncio incólume abate-se/ sobre o vento a chuva a trovoada as palavras/ indecisas dos versos ainda titubeantes
fica só uma réstea de luz talvez/ para amanhã talvez mais logo/ tecer a linha nítida e fluente do que trouxe a noite/ ao pensamento destes dias repletos onde/ mil coisas nascem e dançam onde/ os olhos se fecham para escutar melhor/ tudo o que espera ser assombração e/ espanto outra forma de respirar
(Parede, 07-10.03.2013)