* *
Não falemos já do que se passa no Iraque, no Afeganistão, na Síria, no Mali, na Palestina, no Egipto, na Península coreana, no Mar da China…, países e regiões onde a guerra se processa, ora de forma aberta e declarada, ora de forma encapotada… Nem falemos das alterações estratégicas militares que os EUA estão a levar a cabo, prestando maior atenção à região do Pacífico…
Falemos por agora de um outro tipo de guerra.
Falemos dos BCRICS: China, Rússia, Brasil, África do Sul e Índia. Os BRICS resolveram esta semana criar um banco. Um banco, previsivelmente poderoso, destinado a promover o “desenvolvimento sustentável” dos países em vias de desenvolvimento. Na mesma ocasião, a China e o Brasil assinaram um acordo para a troca de divisas, no intuito expresso de se precaverem das flutuações do dólar e da presente turbulência financeira internacional.
Falemos das fusões e/ou acordos entre companhias aéreas, o último dos quais acaba de envolver a “Qantas” e a “Emirates” e que vai proporcionar um vasto alargamento de rotas a tais companhias.
Falemos da EADS, grupo de aeronáutica e defesa cujos accionistas vão, no próximo dia 2 de Abril, aprovar que a Alemanha, a França e a Espanha, países fundadores do projecto, não devem poder monopolizar o grupo (só podem passar a deter entre 12 e 4 por cento das acções).
E, é claro, podemos falar da Europa; da Europa do euro, da Europa a caminho do precipício - como agora se tornou absolutamente cristalino com o extraordinário caso do “resgate” a Chipre.
Podemos e devemos falar de uma UE onde a famigerada necessidade de austeridade já está a abraçar a França e a própria Inglaterra.
Podemos e devemos falar de uma UE onde um ministro alemão das finanças acaba de acusar os PIGS de serem «invejosos»…
Pois é… Inequivocamente, estamos em estado de guerra mais ou menos generalizado. E a guerra tem sempre duas faces: a face económica e a face das armas. Tal qual a revolução, não é assim?
Uma coisa eu tenho por certa: ou a revolução impede a guerra, ou a guerra desencadeará a revolução.
(PS - O presidente russo, Vladimir Putin, determinou a realização a partir desta quinta-feira de grandes exercícios militares na região do mar Negro. Putin emitiu ordem para o início dos exercícios quando voltava da cimeira dos BRICS na África do Sul, segundo declarou o seu porta-voz, Dmitry Peskov.)