14
Nov 13

 

 

*   *

 

(extraído da edição de hoje do jornal i)

 

Sair do euro para sair da crise

 

 

Sair da zona euro tem custos, mas é bom lembrar que nela permanecer impõe uma perda decisiva, a dos instrumentos de política económica indispensáveis ao desenvolvimento.


A pressão dos mercados financeiros sobre um país crescentemente endividado, a tutela do Tratado Orçamental e a fragilidade da nossa economia não desaparecem com o fim do Memorando. Nem o processo de germanização da zona euro é suspenso. Por outro lado, a federalização da UE está fora de questão, já que a esmagadora maioria dos alemães nem sequer imagina correr o risco de se sujeitar a leis que obriguem o BCE a financiar os estados ou os países excedentários na balança de pagamentos a apoiar os deficitários. Veja-se a crescente perda de confiança dos alemães na política monetária do BCE, apesar dos evidentes riscos de deflação, e a tenaz resistência do governo alemão ao projecto de uma autoridade bancária supranacional com poder para decidir a falência de algum dos seus bancos.

Sair da zona euro tem custos, mas é bom lembrar que nela permanecer impõe uma perda decisiva, a dos instrumentos de política económica indispensáveis ao desenvolvimento. Sair implica uma subida inicial dos preços de bens importados provocada pela desvalorização do novo escudo. Neste contexto, lembro que a subida do preço dos combustíveis seria muito inferior ao da desvalorização já que esta apenas incide sobre o custo da matéria-prima; impostos e taxas representam mais de metade do preço de venda ao público. Quanto aos salários e às pensões, seria possível actualizá-los sem gerar uma espiral inflacionista. Um acordo de Concertação Social seria facilitado pelo clima de confiança gerado pelo lançamento de um programa de criação de milhares de empregos socialmente úteis, envolvendo entidades locais de diferentes sectores e financiado por emissão monetária. Segundo as simulações de Jacques Sapir, o impacto da desvalorização nos preços reduzir-se-ia substancialmente ao fim de dois anos.

Apesar de entretanto já ter saído do país muito dinheiro, chegado o dia seria necessário encerrar os bancos e introduzir o controlo dos movimentos de capitais. Uma estratégia de introdução da nova moeda, de uma só vez, implicaria a conversão imediata dos depósitos bancários em novos escudos no mesmo montante. O mesmo aconteceria às dívidas contraídas ao abrigo da lei nacional. Os preços seriam também os mesmos, em novos escudos. Provisoriamente, as notas e moedas em circulação seriam aceites nos pagamentos como sendo novos escudos. É verdade que os bancos teriam de ser recapitalizados mas isso teria solução imediata e sem custos. O governo criaria um fundo de recapitalização financiado pelo Banco de Portugal (moeda electrónica) que, entrando no capital social dos bancos, os transformaria em bancos públicos. Recentrado no mercado nacional, em devido tempo o sistema bancário teria de ser redimensionado e sujeito a novo enquadramento jurídico.

A dívida externa contraída ao abrigo da legislação nacional ficaria convertida na nova moeda, como prevê o direito internacional. Os casos da EDP e da Petrogal teriam de ser tratados de forma particular, para evitar rupturas. A dívida externa pública que permanecesse em euros seria objecto de uma moratória que reduziria a saída de divisas e forçaria a sua renegociação.

Ponto importante: as pensões e os salários dos funcionários públicos seriam repostos ao nível anterior ao Memorando através de financiamento monetário. Sendo as importações agora muito mais caras, além de administrativamente mais controladas, a economia seria fortemente estimulada por esta medida, reforçando o já referido programa público de criação de empregos.

Finalmente, não há qualquer risco de isolamento do país. A saída de um membro da zona euro, além de precipitar a saída de outros, conduzirá (após alguma turbulência inevitável) a uma UE a várias velocidades. A Alemanha começaria a pagar o preço do seu mercantilismo agressivo, ao mesmo tempo que o crescimento e o emprego regressariam ao Sul da Europa.

Está nas nossas mãos a saída da crise. Lembrando Roosevelt, "a única coisa de que devemos ter medo é do próprio medo".

Estou convencido que a zona euro não tem condições para se manter porque, quer a germanização da Europa dos estados-nação, quer a federalização da Europa, não têm apoio político à vista.

 

Jorge Bateira - Economista


publicado por flordocardo às 11:34

11
Nov 13

 

 

*   *   *

 

Durão Barroso, esse fervoroso "patriota" que preside à Comissão Europeia, fez há dias mais uma das suas: ameaçou o Tribunal Constitucional português - órgão de soberania do país onde ele próprio nasceu. 

Na mesma sequência "patriótica", eis que a Comissão Europeia, no âmbito do seu «Procedimento por Desequilíbrios Macroeconómicos Excessivos», decidiu dar mais um passo na sua política de institucionalização da desigualdade de tratamento entre os Estados da UE (e sobretudo entre países devedores e países credores).

Na verdade, para a Comissão Europeia um país que tenha um défice externo superior a 4 por cento tem de pôr em prática um conjunto de políticas para o corrigir, sob pena de ser alvo de pesadas sanções financeiras. Ao invés, os países excedentários (dado os excedentes também prejudicarem o equilíbrio macro-económico da UE) são objecto de outra atitude: são unicamente exortados a corrigir a situação sempre que os seus excedentes sejam superiores a 6 por cento, mas não são alvo de qualquer sanção financeira - nem pesada nem leve. 

A Alemanha continua a acumular excedentes como se sabe. Por isso, mais palavras para quê?...

É de prestar vassalagem a esta gentalha? NÃO! Nem a esta nem a qualquer outra!!!


publicado por flordocardo às 02:47

03
Nov 13

 

 

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As coisas que a minha irmã se lembra de colocar na sua página no facebook...

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O adquirido que tanto custou a conquistar

Agora é líquido, adquirido – temos liberdade!
Mas…damos-lhe todos o mesmo valor? Não, claro que não.
Para quem tem pouca consciência política, provavelmente até o facto de termos tido uma Polícia do Regime lhes terá passado ao lado, até mesmo na própria época. Certo é que existiu e muitas foram as mossas que deixou e que com os tempos se vão esfumando.
A diferença de idades que tínhamos entre irmãos eram doze anos e se agora não faz diferença nenhuma, na altura fazia toda – andava eu na escola primária e ele iniciava-se noutras andanças. Aliás, a primeira lembrança que tenho do meu irmão não é de algum Natal, ou de brincar comigo é a de ouvir constantemente a minha mãe a dizer-lhe:
- Vê lá tem cuidado! Tu vê lá no que andas metido!
Ele nunca lhe respondia. Em vez disso atirava sempre com a mesma pergunta:
- Onde é que estão os meus ténis, mãe?
Só com o tempo percebi que o facto de querer os ténis era para poder correr melhor se a polícia aparecesse. O destino? Lisboa. O objectivo? Pintar paredes com palavras de luta contra o Regime.
Enfim, Abril chegou e a liberdade veio de peito feito mas, lá em casa , entrou de mansinho e com muitas desconfianças… 
O quarto do meu irmão estava cheio de propaganda – jornais, revistas, bandeiras, bancas, enfim, era uma dependência do meninos rabinos que pintavam paredes e, bastou um telefonema ( que nunca se percebeu de quem era ) para o meu pai queimar tudo, não fosse o Diabo tecê-las. Mas afinal a liberdade tinha vindo para ficar e com o tempo foi-se firmando e foi-se mesmo acreditando nela.
Cresci a acompanhar as conquistas da liberdade e depois de tantas lutas hoje concluo que afinal somos um Povo pobre e mal agradecido. Para mim, tudo o que temos hoje como direitos, liberdades e garantias inquestionáveis foram obra da Esquerda e nunca até hoje lhe demos o poder – e temos tido liberdade para isso !!! 

Paula Ferrão

(02.11.2013)


                                (PS - Mil beijos para a minha irmã!)

publicado por flordocardo às 04:44

30
Out 13

 


*   *   *


Como é que um país normal pode ter um Presidente anormal? Como é que um país anormal pode ter um Presidente normal? Estou confuso...


Acho que os dados da equação estão certamente mal lançados, tendo em conta a anormalidade reinante.


publicado por flordocardo às 16:08

16
Out 13

 

 

*   *

 

Aí está: o OE/2014 deu ontem entrada na Assembleia da República e as suas linhas principais foram apresentadas pela ministra das Finanças.

 

O OE/2014 - «decisivo», segundo classificou a ministra - constitui «mais do mesmo»: mais exploração, mais austeridade, mais empobrecimento do país. Ele segue uma orientação precisa e que sempre presidiu aos ditames do capital e, obviamente, da tróica e dos seus serventuários: reduzir ao mínimo possível os salários de quem trabalha (embora o governo propagandeie que o OE, desta vez, incide nos «cortes na despesa»...).  Mas do que se trata é de uma nova e ainda maior transferência dos rendimentos do Trabalho para o Capital!

 

Assim, o OE/2014 contempla, de forma sucinta, o seguinte:

- redução dos salários dos trabalhadores do Estado, a qual abrangerá mais de 500 mil funcionários (que acresce ao aumento do horário de trabalho já imposto e ao aumento da idade de reforma para os 66 anos), a qual não deixará, como é óbvio, de ter repercussões salariais do sector privado;

- redução das pensões de viuvez (daqui resultando uma "poupança" algo semelhante aquela que o Estado perderá com a redução do IRC para as empresas);

- redução das verbas para a Educação e a Saúde, entre outros sectores;

- aumento do imposto de circulação para as viaturas a gasóleo;

- aumento dos impostos sobre o álcool e o tabaco;

- aumento do preço da electricidade em 2,8% para o próximo ano.

O resto são... amendoins...

 

Politicamente, o governo Coelho/Portas visa alcançar um objectivo preciso - à nossa custa, claro está: ver-se livre da tróica em 2014 e a qualquer preço, esperando depois um qualquer "milagre" de "crescimento" até 2015, ano de eleições legislativas... Se o "milagre" falhar logo nos primeiros meses de 2014, então estes crápulas serão bem capazes de atacar de novo o Tribunal Constitucional, responsabilizando este pelo seu fracasso e... dando à sola - esperando um golpe de asa da Virgem de Fátima em seu favor em eleições antecipadas.

 

Todavia, é absolutamente evidente que com estas medidas e esta política o país caminha para uma tragédia económica e social sem precedentes, bem pior do que aquela em que já se encontra.

 

Para evitar que se torne definitivo o plano de destruição da nossa soberania e o brutal empobrecimento de quem trabalha, é cada vez mais urgente varrer este governo do poder, revogar todas as medidas que foram impostas pela tróica e constituir, com eleições ou sem eleições, um  governo democrático patriótico.

 

E, para já, torna-se imperioso e indispensável atirar o presente orçamento de Estado para o lixo. Esta é a única expectativa que pode e deve ser estimulada por quem se assuma como patriota e democrata!

 

publicado por flordocardo às 03:15

07
Out 13

 

 

*   *   *

 

 

O "Jornal de Angola" defende Rui Machete e aproveita para atacar a Procuradoria-Geral da República (portuguesa); os chineses da EDP (China Three Gorges) afirmam-se surpreendidos com a decisão anunciada pelo governo, dizem que a taxa de 100 milhões de euros vai fazer subir os preços da energia e escrevem uma carta a Paulo Portas sobre o assunto; Pedro Mota Soares confirma corte nas pensões de sobrevivência; a tróica abala do país dizendo que tudo vai bem por aqui...

 

A normalidade, portanto, é total.

publicado por flordocardo às 03:48

04
Out 13

 

 

*   *   *

 

O PSD levou mais de cinco horas a tentar descobrir culpados para a hecatombe eleitoral que sofreu no passado domingo, mas parece que não conseguiu ainda apurar os factos todos...

António Costa, do PS, demorou quatro dias para perceber que o seu partido ainda não é alternativa de governo ao executivo Tróica/Coelho/Portas...

António José Seguro, secretário-geral do PS, demorou também quatro dias e mais umas horas a aconselhar os seus acólitos de que não devem entrar em estado de euforia...

Paulo Portas e a Dª. Maria Luís Albuquerque, em nome do governo, anunciaram, entretanto, que o país entrou numa nova fase de..., de optimismo... E que vai tudo bem com a tróica...


Conclusão: eles - graças aos que ousam lutar e a mais ninguém! -, ainda não sabem bem o que os espera!!! 



publicado por flordocardo às 03:15

 

 

*   *   *

 

Cavaco Silva está ao seu mais alto nível...

 

De visita à Suécia, falou de «masoquismo» - o dos portugueses, claro. E ainda acrescentou que Portugal «deve ser um país normal» e que a dívida soberana do país é pagável... Mas NÃO É!!!

 

A dívida soberana grega, que era de 110 por cento do PIB no início da intervenção da tróica, está agora em 170 por cento. Este país vive o quinto ano consecutivo de recessão e nada faz prever que a sua economia venha a crescer em breve. O desemprego, entretanto, atingiu a taxa de 30 por cento!

 

Cavaco Silva, já agora, devia também ir explicar aos gregos que a dívida é PAGÁVEL, não acham?


publicado por flordocardo às 02:40

28
Set 13

 

*   *   *

 

Uma noite muito bem passada foi a de ontem, numa sessão de poesia ao vivo - entre gente jovem, com ideias e fibra, entremeada com muita poesia de qualidade. Seguiram-se umas belas horas de merecido descanso

Hoje foi dia de almoçarada entre camaradas e amigos, para descomprimir.

E amanhã... Amanhã é dia de votar contra a corrente da mentira, do embuste, do nepotismo e do roubo!!!

publicado por flordocardo às 22:29

26
Set 13

 

*   *

Limito-me a transcrever, sem mais comentários (desnecessários).

 

 

O discurso ignóbil de um provocador encartado

 

(Publicado em 25.09.2013 - www.lutapopularonline.org)

 

Falando numa acção de campanha eleitoral em Santarém, o primeiro-ministro Passos Coelho atribuiu o facto de as taxas de juro dos últimos empréstimos contraídos pelo Estado estarem a subir continuamente, aproximando-se já dos 8%, àquilo que designou de “preconceito dos mercados” relativamente a Portugal e aos portugueses. “Aqueles que durante muitos anos se comportaram mal, acabam por ser alvo da suspeita dos próprios mercados”, rematou.

 

Assim, depois de nos últimos dois anos ter operado nos salários dos trabalhadores um corte médio superior a 15%, de se preparar para completar um corte de valor idêntico nas pensões de reforma, de aumentar o IRS em mais de 30% e de reduzir brutalmente as despesas públicas com a saúde, a educação e a segurança social, o governo de traição nacional PSD/CDS, pela boca do seu chefe, vem agora dizer que aqueles que foram cruelmente espoliados e submetidos a uma vil existência de fome e desemprego devem continuar a sê-lo ainda com mais intensidade, que os sacrifícios que lhes foram impostos são ainda insuficientes e que é por isso que os “mercados” estão a cobrar taxas de juro exorbitantes nos empréstimos que realizam ao Estado português.

 

No espaço de um mês, o Coelho veio dizer duas coisas aparentemente contraditórias. Primeiro, num discurso proferido em meados de Agosto, afirmou que os “mercados” recompensaram o país pelos sacrifícios suportados pela população, pondo a economia a crescer. Depois, no mencionado discurso em Santarém, vem dizer que os “mercados” afinal não acreditam no país e que é necessário manter e incrementar as medidas terroristas de austeridade sobre o povo. De facto, não existe nenhuma contradição entre as duas declarações referidas. Dentro da lógica em que se move o Coelho, o seu governo e a sua classe, a condição necessária para o crescimento da economia é o agravamento incessante da exploração e da miséria dos trabalhadores.

 

Passos Coelho tem a fibra de um fascista, daqueles que, com um sorriso nos lábios, dizem às suas vítimas que o sofrimento e a desgraça a que estão sujeitos são o que elas merecem e são o que as espera para o resto dos seus dias. Os “mercados” de que este provocador fala são um eufemismo para designar os bancos e os grandes grupos financeiros para onde são canalizados os rendimentos e os recursos roubados aos trabalhadores e ao povo. Os “preconceitos dos mercados” que este sacripanta invoca são a voracidade insaciável do grande capital e do imperialismo germânico e é o desprezo absoluto pela vida dos que tudo produzem e a quem tudo é negado, desde as necessidades mais básicas até aos direitos mais elementares.

 

Não há que ter contemplações com Passos Coelho e o seu governo. É imperioso derrubá-los, sem esperar pelo período normal de eleições, em 2015. Os trabalhadores e as suas organizações, em unidade com todos os sectores democráticos e patrióticos da população, devem urgentemente desencadear todas as formas de luta que sejam necessárias para cumprir esse objectivo. Só assim se criarão as condições indispensáveis à construção de uma alternativa, um governo democrático patriótico dotado de um programa de desenvolvimento da economia, de independência nacional, de promoção dos direitos dos trabalhadores e de progresso e bem-estar para o povo.

 

publicado por flordocardo às 03:39

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