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Mar 14

 

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Eis que vos deixo aqui um excelente e actual artigo publicado há dias no Luta Popular on-line.

Trata-se de algo inteiramente ao arrepio das visões que circulam por aí sobre o assunto... Leiam!

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A UNIÃO EUROPEIA, A UCRÂNIA E O «ESPAÇO VITAL» ALEMÃO

 

Publicado em 20.03.2014

 

Os ideólogos do imperialismo europeu sempre apresentaram as suas teorias sobre a necessidade da unidade política e económica da Europa como uma narrativa de paz: a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, a Comunidade Económica Europeia, a União Económica e Monetária e, por fim, a União Europeia foram sempre apresentadas aos povos da Europa e do mundo como instrumentos políticos de paz, num continente onde, desde o I Milénio antes da nossa era, não houvera um único século sem guerras.

Só no século XX, travaram-se na Europa duas guerras, que imediatamente se transformaram em duas guerras mundiais. Os chamados pais fundadores do movimento que visava a unidade política e económica da Europa propunham-se, com a unidade europeia, pôr definitivamente termo às guerras na Europa e criar entre os povos europeus uma era de paz permanente.

Nada mais hipócrita poderia haver, pois o primeiro passo dado no apregoado sentido da unidade e da paz foi a constituição da Comunidade Económica do Carvão e do Aço, com a qual os vencedores da segunda guerra mundial, com a Inglaterra e a França à cabeça, tomaram conta das reservas estratégicas germânicas do carvão e do ferro, duas matérias-primas vitais para a recuperação económica dos vencedores da guerra de 1939/45.

Por três vezes e em lugares diferentes, Lenine escreveu, contra os primeiros ideólogos imperialistas da unidade europeia em nome da paz, que os então chamados estados unidos da Europa ou seriam impossíveis ou reaccionários.

Reaccionária é precisamente a União Europeia de hoje, constituída sob a égide de um acordo intercapitalista encabeçado, para vergonha do povo português, por um contrato diplomático conhecido como o Tratado de Lisboa.

A União Europeia não é apenas reaccionária; a União Europeia é a guerra! E, desde logo, a guerra na própria Europa.

Com efeito, servindo-se da União Europeia como chamariz atractivo, o imperialismo germânico começou a organizar a Europa à imagem e semelhança da visão hitleriana do III Reich. Aproveitando-se do colapso do imperialismo revisionista soviético, a Alemanha começou a ocupar, sempre contando com as estruturas apelativas da União Europeia, os países do leste da Europa, e foi ao ponto de dividir um país, relativamente próspero como era a Checoslováquia, em dois países distintos – a República Checa e a Eslováquia – recuperando assim, sob a forma de República Checa, o território dos Sudetas, objecto da ocupação militar das tropas hitlerianas no período que antecedeu a segunda guerra mundial.

Completado o quadro da incorporação do leste europeu na União Europeia, a Alemanha e seus lacaios, no grupo dos quais se conta a classe dominante capitalista em Portugal, voltaram-se para os Balcãs, onde impuseram uma longa guerra para a destruição da Jugoslávia, guerra que Hitler no seu tempo não conseguiu ganhar.

Com a ajuda das tropas americanas, da Nato e dos governos seus lacaios na União Europeia, o imperialismo germânico conseguiu destruir a Jugoslávia e dentro desta, destruir a Sérvia, ajustando a chancelerina Merkel as velhas contas que Hitler não conseguiu ajustar com a nobre nação sérvia.

Assim, quarenta e poucos anos depois do termo da II Guerra Mundial, a guerra voltou à Europa pela mão dos mesmos tiranos: os boches.

Na nova guerra balcânica, alemães e americanos cometeram todavia um erro fatal: permitiram que, na província sérvia do Kosovo, a maioria albanesa e muçulmana local estabelecesse a independência, através de um movimento terrorista recrutado na vizinha Albânia e armado pelos Estados Unidos da América e pela Alemanha, ao mesmo tempo que a capital da Sérvia e as suas principais cidades eram destruídas pelos bombardeamentos maciços de aviões da Nato e da Alemanha.

O apoio dado ao Kosovo – hoje um país reconhecidamente inviável - voltou-se contra os governos dos países da União Europeia que têm nações ou minorias nacionais nos seus territórios, desde a Espanha (com a Catalunha, o País Basco e a Galiza), e o Reino Unido (com a Escócia e a Irlanda do Norte) até à Roménia (com a Moldávia), à Itália (com a Lombardia) e à França (com a Córsega e os territórios ultramarinos).

Mas o imperialismo germânico, arrastando a União Europeia como bandeira, não se ficou pela nova guerra dos Balcãs; foi também, levando sempre consigo o pendão da União Europeia, à guerra na Líbia e na Síria, deixando aí dois caroços dos quais ainda hoje não vê como sair.

É verdade que a chancelerina Merkel, muito embora já seja a terceira vendedora mundial de armamento, ainda não dispõe de um Rommel e de um Afrika Korps para tentar dominar o norte de África, mas, tal como o seu émulo Hitler, já anda em guerra na Síria e na Líbia, ali por causa do controlo do Mediterrâneo oriental e do Oriente Médio, e aqui por causa do petróleo.

Será que um dia mais tarde, a chancelerina ou os seus descendentes irão à Noruega tomar-lhe o seu petróleo do Mar do Norte, já que a Noruega se recusou a entrar na União Europeia e, muito menos, a entrar na zona euro?!...

Em todo o caso, é por causa do petróleo e do gás natural (além das monumentais reservas de trigo) que a Alemanha, sempre servindo-se do espantalho da União Europeia, iniciou a ocupação da Ucrânia, visando porém mais longe: visando o Azerbeijão e os países agora independentes da orla do Mar Cáspio, onde também Hitler tentou chegar para abastecer-se de petróleo e de gás.

É, ainda e uma vez mais, a aplicação prática da teoria do espaço vital alemão, já definido no Mein Kampf. A passo e passo, caladinha e quase distraída, Merkel experimenta chegar com o lábaro da União Europeia aonde Hitler não teve força para chegar com os seus Panzer.

O processo da chancelerina Merkel é sempre o mesmo: procura aprisionar os novos países, oferecendo-lhes a entrada na União Europeia e apoios financeiros que se diriam ilimitados; se, nos países alvo, uma parte da população se opõe ao fascínio do canto de sereia germânico, a Alemanha fornece armas e organiza a guerra civil com vista a afastar do poder as forças locais que se opõem à entrada na União Europeia (ou seja, que se opõem à ocupação germânica do seu território).

Na Ucrânia, a milícia nazi organizada e armada pelo governo germânico foi ao ponto matar alguns dos ocupantes da praça Maiden, em Kiev, atribuindo depois ao governo legítimo ucraniano a autoria dessas mortes.

A União Europeia é, de facto, a guerra e a bandeira da guerra.

Só que, desta vez, encontrou na Ucrânia um osso muito duro de roer – o mesmo osso que, afinal, sob a direcção de Estaline, tinha derrotado já Hitler e agora derrotou a chancelerina Merkel, a União Europeia e a Nato – o povo russo!

Claro está que a Federação russa não iria nunca permitir que a Alemanha ocupasse a Crimeia, onde se localiza o único porto de águas quentes (ou seja, único porto russo em que as águas nunca gelam ao longo de todo o ano) à disposição da sua marinha de guerra e da sua frota de comércio.

Por agora, nem a Alemanha, nem a Nato, nem o imperialismo americano tem condições para inverter esta derrota.

E a luta obviamente continuará pelo lado das populações russas, que, tal como sucedeu com os sérvios na Bósnia-Herzegovina, não deixarão de exigir a sua autonomia e independência políticas em determinadas outras regiões da Ucrânia.

Todavia, há, disto tudo e desde já, duas lições a tirar: a primeira, a de que a União Europeia não é uma estrutura europeia de paz, mas, sim de guerra, da qual os povos europeus, amantes da paz, devem impor a sua própria retirada; a segunda, a de que a correlação de forças estratégicas ao nível mundial já se alterou nos últimos vinte cinco anos, depois do colapso do social-imperialismo revisionista soviético.

As derrotas estratégicas do imperialismo americano no Iraque e no Afeganistão, acompanhadas da derrota da tentativa de ocupação da Ucrânia, mostram que o imperialismo americano, sendo ainda uma potência militar dominante, já não é, no quadro mundial, uma potência militar determinante.

Todavia, a União Europeia é a guerra; o imperialismo germânico é a guerra; o imperialismo ianque é a guerra. Mas são também e cada vez mais tigres de papel. A vitória final será sempre dos proletários e dos povos do mundo. E esse será também o caso da actual luta na Ucrânia.

 

Espártaco

 

                       

publicado por flordocardo às 14:33
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24
Jan 14

 

 

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REVOLUÇÕES PELA INTERNET, OU DURA LUTA E PROLONGADA?

 

(in Luta Popular on-line - Publicado em 15.01.2014)

 

E de repente, eis que o executivo de Coelho e Portas, tutelado por Cavaco, para além de anunciar um autêntico milagre económico, se vê bafejado por um outro milagre, aquele que se traduz no abandono da exigência por parte da chamada esquerda parlamentar do derrube deste governo de serventuários ao serviço dos interesses de um directório europeu capturado pelo imperialismo germânico e seus propósitos de, sem necessidade de disparar um único tiro – ao contrário do que aconteceu com Hitler –, dominar e subjugar a Europa.

A inconsequência, a incoerência, a fraquíssima consistência intelectual de largos sectores da pequena-burguesia, particularmente uma certa “inteligentsia” ou auto-intitulada intelectualidade, constantemente em pânico com a ameaça que sobre ela paira de ser proletarizada, em virtude das cíclicas crises do capitalismo, revela-se na procura permanente de salvadores por tudo o que é sítio.

Assim aconteceu quando o marketing político explorou os dotes de uma esquerda americana encabeçada por Obama e teorizada, no capítulo da economia política, por Paul Krugman. Na Europa, face à entente Merkel/Sarkozy – com este a prestar-se a ser o saltapocinhas de serviço da nova führer – o surgimento de François Hollande animou mesmo as hostes mais à esquerda que chegaram a anunciar que era chegado o momento de a chancelarina ser colocada no seu devido lugar.

A montanha, está bem de ver, pariu um rato. Obama não deixou de ser o executor de todas as mais fatídicas e sanguinolentas políticas do imperialismo americano, Paul Krugman advoga que para sair da crise os países sob tutela, seja do FMI a sós, seja da tróica germano-imperialista, só têm como saída a desvalorização dos salários em mais de 30% e Hollande, para além de se estar a revelar um autêntico rabo de saias, é o novo salta-pocinhas da führer Merkel…nada de novo a ocidente, portanto!

São os mesmos que, basbaques, anunciam revoluções pela net e consideram o Google como a nova plataforma para as revoluções mundiais, sejam elas violeta, de veludo ou mesmo de…cortiça! São os mesmos que se prestam a passear as suas frustrações e fantasmas por toda a sorte de falanges fascistas e a buscar refúgio em regimes que reponham a ordem.

Como não acreditam que a luta de classes é o motor da história, nem sequer acreditam que eles próprios pertencem a uma classe ou sector de classe, não percebem que a burguesia não brinca em serviço e que se está absolutamente nas tintas para os seus constantes lamentos, agitar de mãos ao alto e apelos ao pacifismo, ou se deixar sensibilizar pela sua indignação contra os cortes nos salários, a facilitação e embaratecimento dos despedimentos, a promoção da precariedade, da fome e da miséria, a destruição do tecido produtivo e a venda a retalho de tudo o que é activo e empresa pública estratégica.

A burguesia, quando sente ameaçada a sua sacrossanta propriedade, os seus lucros e interesses, não hesita em mandar para cima do povo e dos trabalhadores toda a sua máquina repressiva. Pode promover cortes e austeridade em tudo e mais alguma coisa. Mas, no que toca a olear a máquina da repressão abre generosamente os cordões à bolsa, sabendo que nenhum apelo infantil do tipo os polícias e os soldados são filhos do povo , fará as forças repressivas virar as armas contra os seus interesses e o estado que os acarinha e sustenta.

Para estes eternos românticos da revolução, organização, disciplina, estratégia e táctica, objectivos, direcção organizada, são autênticos pesadelos. E nem sequer se pasmam quando verificam que esta sua permanente hesitação, esta sua recorrente fuga para a frente, esta sua endémica incoerência redunda, fatalmente, na deserção cobarde, sempre alegando que este povo não merece o seu esforço! Bem que gritam O Povo unido jamais será vencido quando o que está em causa é que O Povo Vencerá! Se se mobilizar e organizar em torno de princípios justos e coerentes, se se preparar para uma luta dura e prolongada, se ousar lutar, para ousar vencer!

Face à ocupação de que Portugal está a ser alvo por parte de uma tróica que mais não constitui do que um instrumento ao serviço dos apetites imperiais e colonizadores de uma potência como a Alemanha, face ao presente alinhamento de classes e interesses de classe, à correlação de forças entre si e quanto ao que as une e ao que as divide, a única saída para os trabalhadores e o povo português é, pois, o derrube deste governo de serventuários, de traição nacional, e a constituição de um governo democrático patriótico que saiba pôr em marcha um programa que congregue e reflicta os interesses daquelas classes e sectores de classe que, neste momento, têm em comum a exigência da suspensão do pagamento de uma dívida que não contraíram e da qual nada beneficiaram, a recuperação do tecido produtivo destruído, único garante da recuperação da nossa independência e unidade nacional, único garante de que o país estancará a sangria do desemprego, da precariedade, da fome e da miséria, único garante de que Portugal e o povo português conquistarão a sua liberdade e alcançarão a verdadeira democracia.

 

publicado por flordocardo às 20:28
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23
Jan 14

 

 

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«Nada é tão fatigante como a indecisão e nada é tão fútil.»

 

Bertrand Russell

publicado por flordocardo às 14:48
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26
Dez 13

 

 

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«Nós devemos banir das nossas fileiras toda a ideologia feita de fraqueza e impotência. São errados todos os pontos de vista que valorizam a força do inimigo e subestimam a força do povo.»

 

Mao Tsé-tung  (26 de Dezembro de 1893 - 9 de Setembro de 1976)

 

 

publicado por flordocardo às 20:36
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16
Dez 13

 

 

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«De espírito forte devem ser considerados, e com razão, os que,

mesmo conhecendo claramente as dificuldades da situação

e apreciando os prazeres da vida, justamente por isso não se retiram diante dos perigos.»


Tucídides

(in «A Guerra do Peloponeso»)

publicado por flordocardo às 17:38
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07
Dez 13

 

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(imagem do jornal Público)
Tabela de populações em risco de pobreza ou exclusão social na Europa, segundo dados do Eurostat.
Em Portugal são agora 2,7 milhões de pessoas. 

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«Há dias em que até o cronista mais cínico se reconcilia com o mundo. O mundo é o mesmo, as pessoas são as mesmas, a existência não deixou de ser a tragédia absurda de sempre. Porém, de súbito, no meio do Inverno, o Sol rompe gloriosamente entre as ramagens descarnadas das árvores, o céu é alto e limpo, a luz quase magoa, de tão branca, e então, insensatamente, tudo, mundo e existência, parece fazer sentido.
Talvez, quem sabe?, o coração precise de mais um pretexto para repousar por um momento da desesperança e os olhos para se abrirem para o calor das coisas e para a alegria. Mas em dias assim dir-se-ia que tudo se conjuga numa imensa conspiração contra o cepticismo.»
Manuel António Pina (in «Por outras palavras»)
publicado por flordocardo às 18:15

01
Dez 13

 

 

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«É do volume de dados de que dispõe que a nossa época tira o imerecido sentimento da sua superioridade; quando afinal o verdadeiro critério assenta no grau em que o homem sabe dar forma às informações

e dominá-las.»

Goethe

publicado por flordocardo às 03:19
tags:

23
Nov 13

 

 

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«Aproveitar um bom conselho requer mais sabedoria do que dá-lo.»


John Collins

publicado por flordocardo às 21:02
tags:

19
Nov 13

 

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(Extraído do blogue Cidadania Lx)

18/11/2013


Está aberta a época das plantações!


Se conhece locais com caldeiras vazias, ou com árvores mortas, alerte a CML e solicite que se plantem as árvores em falta. Participe activamente ajudando a arborizar os arruamentos e jardins da nossa cidade. Não se esqueça que Lisboa ainda é uma das capitais da Europa com menos espaços verdes/árvores por habitante. FOTO: caldeira vazia, e tapada com cimento, na Calçada do Duque.
publicado por flordocardo às 03:31

 


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 Limito-me a transcrever...


Defender a "renegociação da dívida"

é fazer o jogo do governo e da tróica

 

www.lutapopularonline.org - Publicado em 18.11.2013

 

Em conferência de imprensa realizada há dias no parlamento sobre o Orçamento de Estado para 2014, o deputado do PCP Paulo Sá, referindo-se a uma proposta do seu partido de incluir na lei do orçamento o princípio de limitar o montante de juros a pagar respeitantes à dívida pública a 2,5% do valor das exportações, e à consequente necessidade de renegociar a dívida com os credores, afirmou a dado passo o seguinte:

 

Tal limitação, correspondente em 2014 a 1.660 milhões de euros, assegura que o país paga a dívida pública sem empobrecer, à medida das suas reais possibilidades”.

 

Temos assim que, do montante exorbitante de 7.239 milhões de euros de juros da dívida previstos no OGE para 2014, o PCP propõe que se pague ordeiramente 5.579 milhões de euros e que se renegoceie o pagamento do restante, sempre dentro do princípio de que os compromissos da dívida são para cumprir.

 

Para além de representar uma lamentável subserviência perante a agiotagem da banca, esta posição do deputado do PCP escamoteia o facto de a dívida pública ser o principal instrumento de que dispõe o grande capital financeiro e o imperialismo internacional para empobrecer o povo e de que não há forma de romper com esta situação a não ser quebrando e deitando pela borda fora esse instrumento. Pagar a dívida e pôr fim ao processo de empobrecimento do povo é uma contradição nos termos e defendê-lo, como faz o PCP, significa iludir o povo e perpetuar o actual estado de coisas.

 

Com efeito, a renegociação do pagamento da dívida “nos juros, prazos e montantes”, como diz o PCP (e repete, exactamente com as mesmas palavras, o BE), é algo que serve os credores e o grande capital e, mais tarde ou mais cedo, irá acontecer pela mão dos lacaios destes que estão no governo, pelo simples facto de a actual dívida pública ser impagável. Depois de tal renegociação, todos os mecanismos de saque dos recursos do país e dos rendimentos do povo trabalhador que a mesma se destina a assegurar continuarão de pé e serão reforçados, designadamente por via do alargamento dos prazos para o seu pagamento e do prolongamento e agravamento das ditas medidas de austeridade que virão associados.

 

Bem pode o deputado do PCP dizer, como disse, que na mencionada renegociação se deve exigir a redução das taxas de juro e dos montantes da dívida, que tal não passa de um voto piedoso sem consequências. Primeiro, porque um alargamento dos prazos de pagamento da dívida já implica normalmente uma redução dos juros, sempre com vantagem para os credores. Segundo, porque a redução do montante da dívida, ou corresponde a um perdão parcial que é do interesse dos credores e reforça a sua posição, como sucedeu com a Grécia em 2011, ou terá de implicar a rejeição do pagamento desse montante, posição que o PCP se recusa a assumir. Na verdade, não há forma de impor à banca o não pagamento de uma parte da dívida fora de uma firme posição de princípio de repúdio de toda a dívida.

 

Quase na mesma altura em que o PCP realizava a sua conferência de imprensa no parlamento em defesa da renegociação da dívida, um antigo ministro da Economia do PS, Daniel Bessa, propugnava também, num congresso de economistas, que é urgente renegociar a dívida pública já que a mesma, tal como está, não pode ser paga. Defensor incondicional do grande capital financeiro, o Bessa disse aquilo que todos os que se encontram do seu lado da barricada sabem ser inevitável. É claro que a nova medida terrorista que ele sugeriu como gesto de vassalagem perante os imperialistas alemães a quem eventualmente será apresentada a proposta de renegociação – o lançamento de um “imposto pesado” sobre todos os depósitos bancários, sem excepção, o que atingirá sobretudo os pequenos depositantes, que são os que não conseguem retirar o seu dinheiro dos bancos – não é proposto por outros defensores da mesma, como é o caso do PCP ou do BE. Mas a verdade é que na “noite” da dita renegociação todos os gatos são pardos e o resultado da mesma traduzir-se-á sempre num reforço da exploração e do massacre sobre o povo trabalhador.

 

A pedra-de-toque que permite delimitar os campos na actual luta pelo derrube do governo de traição nacional Coelho/Portas e pela expulsão da tróica germano-imperialista é a posição face à dívida pública. “Não pagamos!” é a palavra-de-ordem central que tem de unir as amplas massas trabalhadoras e todos os sectores, partidos, movimentos e personalidades democráticos e patrióticos. A anulação ou, pelo menos e em termos imediatos, a suspensão do pagamento da dívida é a posição de princípio com base na qual se terá de constituir uma alternativa ao governo fascista de traição nacional PSD/CDS.


publicado por flordocardo às 03:18

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